May-2015
El juego y el aprendizaje en la práctica
Vea algunas partes de la entrevista con el Prof. Dr. Paulo César Scarim, geógrafo de la Universidad Federal de Espíritu Santo (UFES), sobre agricultura familiar, trabajo infantil y aprendizaje a partir del punto de vista de los campesinos.
«O entendimento do trabalho infantil vem do entendimento do urbano, ou seja, tem uma relação com o trabalho diferenciado. Por exemplo, o urbano tem uma separação entre o espaço da casa, da escola, do trabalho, do lazer: é tudo separado. Essa é uma lógica da cidade atual. Essa separação também se pensa pelos tempos: o tempo do estudo, o tempo do trabalho, do brincar, tudo separado. Para a agricultura familiar, esses espaços acontecem no mesmo lugar e ao mesmo tempo».
«Criminalizaram o trabalho, mas uma coisa é a exploração do trabalho infantil, outra coisa é o trabalho. Na agricultura familiar a criança está aprendendo pelo trabalho aquilo que a família tem que ensinar. O trabalho é o fazer».
«Como é que se aprende a identificar um canto da galinha quando ela botou um ovo? Como é que se aprende a plantar? Na escola? Então vai estudar até os 18 anos, não vai trabalhar, aí depois vem da escola sabendo tudo o que deveria ter aprendido e vai plantar? E aí ela vai plantar como? Vai tirar leite como? Não sabe nada. E aí ela chega em casa, os pais estão na roça e ela vai ficar fazendo o que? Assistindo televisão? Fazendo lição? Não pode nem colher um ovo, não pode ajudar a colher o café que dizem que é exploração…»
«A mão tem que aprender! Qual é a forma da mão quando colhe o algodão? E o café? E a ordenha? E como é que se aprende isso? No livro? Como é que se aprende a mexer com madeira? Na escola? A lógica do trabalho, a posição do corpo, a criança fica anos ali observando e quando toca já sabe. Agora dê um martelo para uma criança que nunca viu alguém martelando, é risco na certa. E é algo que é muito lento, não é algo que se faz em uma aula. Não há como aprender a ordenhar em uma aula… Não tem outro jeito de aprender a não ser desde criança, desde muito cedo, desde bebê. Não tem idade e é para a vida toda».
«Difícil perguntar para uma geração que viveu a realidade da agricultura familiar quando ela começou a trabalhar. Não sabem dizer (sempre trabalharam)».
«Não é que a lei não tenha razão, mas como separar as coisas (entre exploração do trabalho infantil e o trabalho em si)? Então isso se torna arbitrário, se generaliza e há uma incapacidade em separar as duas coisas. E aí faz o quê? Vai pelo mais fácil? E como a lei pegou, e não tem muito argumento ao contrário, então não tem como. Ninguém é a favor da exploração do trabalho infantil, mas delimitar isso é muito difícil, então, vai pelo caminho mais fácil: a generalização».
«Na comunidade rural, o conhecimento se passa pelo trabalho. Não é possível diferenciar o que é brincar e o que é aprender a trabalhar. Grande parte da brincadeira tem a ver com o fazer coisas, então como é que vai aprender a brincar se não sabe fazer? Vai comprar? Vai comprar um pião, um carrinho. Mas se não compra tem que saber fazer e como é que vai aprender a fazer? Tem que usar serrote, facão, mas vai ter aula de usar facão? Tudo é trabalho, tudo é técnica e isso tem que aprender fazendo».
«No campo todo mundo trabalha, não há ninguém que não trabalhe. E a pessoa trabalha desde quando nasce até quando morre. Não se separa o que é trabalho e o que não é trabalho».
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