ago-2014
Lembrando…. (Parte II)
Dona Joana saia de casa às 4 horas da madrugada com a luz de querosene pela trilha, via os caçadores pelo caminho que diziam a ela: pode passar dona, que eu não faço nada não. “Antes não tinha estrada, agora temos nosso barco, de hora em hora”.
Era comum as crianças morrerem “da bruxa”. “Naquela época a bruxa entrava nas casas e mordiam as crianças, no dia seguinte acordavam com marcas roxa no corpo. Minha mãe perdeu dois filhos. Na Barra tinha uma benzedeira boa, benzia dessa forma:
“Bruxa, bruxa,
Aqui tem bruxa
Vassoura na boca
São sofrimento na mão
Não me venha nessa casa
Com essa de marcação
A bruxa deixar comer beber, dormir e se criar
Em nome de Deus, da Virgem Maria
Amém”.
Contou também uma história de lobisomem, disse que quando descobriram quem era que se transformava em lobisomem, não virava mais. E enquanto conta diz várias vezes “com a graça de Deus“. Melhor é ter mesmo a graça de Deus por perto.
Os ternos de reis encantam seus olhos, que parecem ainda enxergar seu corpo de moça entre os homens que saiam de casa à noite e só voltavam no dia amanhecendo.
“Porta aberta
Luz acesa
Decerto está me esperando
E aqui estou na sua porta
Ai com Terno de Reis cantando
A dar um vivo a Santo Amaro”
“Aí abriam a porta davam cachaça, café, dinheiro e a gente ia continuava até amanhecer”
“Em janeiro tem três ternos
Já lhe digo quais são
É o Reis, Santo Amaro
Também tem Sebastião”
“Um pão por Deus” as crianças iam pedindo nas casas e todos davam o que tivessem, isso na época dos Reis.
Nas suas casinhas ela diz que “botava uma esteirinha na rua, botava boneca, botava loucinha de barro, fazia comidinha, aquilo distraía, e quando a gente estava enjoado voltava para casa“.
Para ouvir mais memórias de Dona Joana, clique aqui.
Texto e fotos: Renata Meirelles
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