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03
abr-2018

DIÁLOGOS DO BRINCAR #15: O BRINCAR COM A PALAVRA

Texto: Carolina Prestes e Raphael Preto | Foto: Carolina Prestes | Vídeo: Interrogação Filmes

No primeiro “Diálogos do Brincar” de 2018, o escritor e doutor em educação, Severino Antônio, falou sobre: “O brincar com a palavra”. Na conversa, realizada na sede do Alana, ele ressaltou a força e a importância das palavras para a construção da subjetividade humana: “As palavras servem para pensar o mundo, são uma forma de ação, presentificam o que está ausente, e também servem para brincar”, disse Severino, que trabalha há mais de 40 anos com ensino de redação e leitura, literatura, filosofia e também com formação de professores.

Autor de diversos livros sobre educação, Severino se encantou pela poética que habita a infância e, muitas de suas obras falam sobre como nós, adultos, precisamos acolher as expressões infantis, que tanto nos revelam sobre a vida e são poesia em sua forma mais pura: “A criança é muito próxima da poesia. O nascimento do mundo e das palavras é simultâneo. Desde muito cedo, as crianças brincam com os sons, dão nomes às estrelas e às plantas. A palavra é uma dimensão essencial da vida humana”, afirmou o educador, destacando exemplos de brincadeiras que têm a palavra como elemento central, como as cantigas e os trava-línguas. Ao relembrar as brincadeiras, confirmou que os ritmos da infância jamais saem de nós.

O encontro, transmitido ao vivo pelo site do Território do Brincar, teve a participação de pessoas de todo o Brasil, que mandaram seus comentários, sugestões e perguntas. Severino foi bastante questionado pelo público sobre como o brincar com as palavras pode acontecer dentro dos espaços educativos e foi categórico ao apontar a necessidade de repensarmos o modelo vigente de educação: “As escolas tiram a poética da palavra e a apresentam às crianças somente de forma utilitária. O conceito não pode matar a imaginação”, disse, ressaltando a necessidade de garantir espaços de silêncio dentro das escolas: “São nestes momentos de silêncio que as crianças ficam livres para fazer nascer a sua própria voz”.

Também falou sobre a palavra como matriz de criação: “Nós não somos apenas produtos da cultura e da sociedade, nós que as construímos, somos criadores, e não só criaturas. A palavra carrega esse poder de criação. Ela nos ajuda a elaborar nossa relação sensorial com o mundo”, comentou, destacando que as escolas devem dar abertura a esse potencial criativo humano que relaciona-se, diretamente, ao brincar livre: “As escolas não dão ao brincar o lugar sagrado que ele deve ter. Elas tendem a enfileirar e apostilar as crianças desde muito cedo”, lamentou: “É preciso formar o educador com um olhar atento ao brincar livre”.

Perguntas sobre o uso da tecnologia também foram frequentes durante o debate. Sobre isso, Severino afirmou: “Não é mais viável retornar a um passado sem tecnologias. Mas, também não é possível que uma criança passe até 14 horas em frente a uma tela”, disse, sugerindo que o equilíbrio de experiências seja garantido às crianças: “É preciso criar alternativas para essa nova realidade. Se fizermos isso, as crianças não ficarão escravas das tecnologias”. Dentre essas alternativas, está a valorização do tempo compartilhado, ou seja, passar mais tempo com as crianças, desfrutando com elas da alegria do brincar.

Confira abaixo a íntegra da conversa com Severino Antônio:

 

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  • Regina Lucia Caminha Tôrres disse:

    Adorei.

  • Vera Figueira disse:

    Brincar com a palavras é se dar conta do tamanho do mundo.

  • Vera Figueira disse:

    As**

  • lETÍCIA disse:

    QUERIA O RESSUMO DA PALESTRA COMO FAÇO PARA VER

  • Verônica Boniolo disse:

    Adorei!

  • Joanina disse:

    Nossa! Precisamos impreguinar as escolas desse espírito do brincar. Um show! Acho que as crianças aprenderiam mais e todos seriam mais felizes…

  • Frederico curi disse:

    O vídeo dura mais DE uma hora. Logo pensei: verei um pouco, depois vou embora. puxa… terminou agora. Meu coração sente saudade e quase chora.
    Severino, IMAGINEI nunca mais ver meu mestre mundo afora. Errei, que daora.

  • Frederico curi disse:

    Lembrando, mestre Severino: existem infinitas maneiras de se ponderar com palavras.

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