A criança começa a se movimentar sozinha a partir do momento em que sai da barriga da mãe. Rolar no berço, sustentar a cabeça, chutar, agitar os braços, engatinhar, estas ações geram um gasto de energia maior do que quando em repouso. Portanto, todas elas são consideradas atividade física.
– O brincar é linguagem da criança, o brincar é a sua expressão, é como você se mostra a si mesmo e ao mundo. É o que as crianças precisam fazer, principalmente quando estão na primeira infância, isso significa liberdade. Quando você brinca, você brinca, por exemplo, com coragem, brinca com desafios, coisas que a gente carrega a vida inteira. Brincar tem muita força, muito poder, por isso a gente não pode abafar – ensina a coordenadora do projeto “Território do Brincar”, Renata Meirelles.
– O processo de adquirir habilidade para controlar o corpo é fundamental. A brincadeira ajuda a criança a desenvolver uma percepção corporal que vai ser usada em várias situações. Correr, explorar e pular são coisas fundamentais para a percepção corporal. Para criança que vive em um ambiente urbano, um dos maiores problemas é o sedentarismo – alerta a especialista em desenvolvimento infantil Anna Chiesa.
Com o passar dos anos, a prática de exercícios físicos passa ser responsável por manter a criança ativa. Neste momento, o importante é desenvolver as habilidades motoras sem o intuito de competição. Por este motivo, a atividade ainda não é considerada um esporte. Os pais devem incentivar os pequenos a experimentarem diferentes modalidades, mas são os filhos que devem escolher quais desejam fazer.
– Até os seis anos de idade, é interessante colocar a criança para conhecer uma série de atividades recreativas. Se ela for seguir em algum esporte, essa construção fundamental já foi garantida pela recreação – orienta Anna.
– Quanto mais experiências esportivas as crianças tiverem, maior vai ser esse vocabulário corporal e mais facilidade elas vão ter pra fazer qualquer outra modalidade que elas queiram praticar mais pra frente. Eu aconselho os pais a respeitarem o desejo das crianças por fazerem o que gostam e estimulá-los a experimentar coisas novas. Quando a gente pensa em alfabetização, a gente pensa em um repertório bem amplo, para que depois eu possa me aprofundar em um conhecimento, em um aprendizado esportivo no futuro – aconselha Paula Korsakas, coordenadora de esporte infantil da USP.
O conceito de esporte como algo que estimula a competitividade – seja com um adversário ou consigo mesmo – deve ser introduzido no fim da infância. Ainda assim, os pais precisam se conscientizar de que não devem pressionar os pequenos com cobranças por um bom desempenho.
A infância não é o momento de formar campeões. Nesta etapa, o principal é se preocupar com a formação em torno da atividade física, educar a criança a ser fisicamente ativa, porque desta forma ela se tornará um adulto mais saudável.
– No começo, a competição deve ser encarada como um meio e não como uma finalidade, ela deve ser vista como um mecanismo do treinamento. À medida que a criança vai chegando nos momentos finais da adolescência, a competição começa a ter um caráter de alto rendimento, no sentido de prepará-la pra a transição para categorias adultas – explica Marcelo Massa, especialista em esporte de alto rendimento.
– Quanto mais experiências positivas a gente tem com o esporte, maior a nossa ligação com ele e maior a chance de carregarmos o seu valor para o resto de nossa vida. Quanto mais experiências esportivas na infância, maior a chance de a criança se tornar um adulto ativo, que tem uma relação bacana com o exercício físico e ciente de sua importância para a qualidade de vida – observa Paula.
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