abr-2015
Brincadeiras contribuem para desenvolvimento e bem estar de crianças
A matéria pode ser lida no site EDUCAÇÃO INTEGRAL ou a seguir:
“Ao norte da cidade de Churchill, província de Manitoba, Canadá, um urso polar faminto desiste de atacar dois huskys siberianos ao notar que a fêmea se coloca em posição de brincadeira”.
“Charles Whitman, mais conhecido como o assassino do Texas Tower, autor de um assassinato em massa em 1996, foi uma pessoa marcada pela ausência de brincadeiras e isso o tornou mais suscetível à tragédia que causou”.
As situações, aparentemente desconexas, tratam da mesma questão: o brincar. Na primeira, ele aparece como um elemento que provoca uma mudança em um comportamento dado e natural, de um predador que ataca sua presa; na segunda, como suporte fundamental ao desenvolvimento de um indivíduo.
Esses relatos compõem a fala do pesquisador Stuart Brown, especialista sobre o ato de brincar que, durantepalestra ao TEDx, em 2009, reforça que “brincar é mais do que diversão, é vital”.
“Nada ilumina tanto o cérebro quanto o brincar”
Para o pesquisador, embora o brincar seja comumente associado à infância, o ato não deve se limitar a essa fase da vida. A perda dessa capacidade [que acontece com frequência na fase adulta da vida de uma pessoa], em sua análise, diz de uma perda de cultura.
Brown reforça que a brincadeira não precisa de outro propósito além do simples fato de brincar; e que, exigir além disso é deslegitimar o ato. Nessa perspectiva, coloca que as brincadeiras podem estabelecer conexão somente com o corpo, ou deste com algum objeto e que, de qualquer forma, parte de uma curiosidade, de uma necessidade de exploração.
Outro ponto, em sua leitura fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos, é o brincar como elemento social que faz com que as crianças identifiquem a si mesmas e aos outros, e estabeleçam seus modos de convivência, suas regras e percepção do coletivo. Por isso, defende: “as crianças na pré-escola deveriam poder mergulhar, bater, assobiar, gritar, serem caóticas e desenvolverem através disso muito de sua regulação emocional e muitos outros subprodutos sociais – cognitivos, emocionais e físicos que fazem parte do ritual de brincar”.
O especialista convida às pessoas, especialmente as adultas, a buscarem em suas memórias lembranças relacionadas ao ato, como durante as férias ou em algum aniversário. E sugere que, cada um, avalie como esse momento se conecta à sua vida atual, como forma de resgatar o papel estruturante do brincar.
O potencial das brincadeiras
Além de ser uma maneira acessível das crianças fazerem a sua leitura do mundo, esses momentos de diversão possibilitam o desenvolvimento de aspectos físicos, motores e cognitivos, indispensáveis para a saúde e bem estar delas. Valores como companheirismo, autonomia, liderança e solidariedade também estão embutidos em diversas formas do brincar. Por isso, a defesa de que as escolas respeitem o tempo das brincadeiras, sem que seja colocada nelas, intencionalmente, uma proposta de aprendizagem ou a interferência de adultos.
A experiência da brincadeira, por si só, acaba por contemplar um potencial educativo, visto que estão colocadas nessas situações a imaginação e a criatividade da criança, e o envolvimento integrado do corpo e mente.
O brincar em diálogo com a saúde
Para reiterar o direito ao brincar e também para defender a brincadeira como uma condição fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos, no Dia Mundial da Saúde, o Centro de Referências em Educação Integral em parceria com o Portal Aprendiz, listou cinco matérias que propõem reflexões sobre o brincar ou que elucidam práticas que o têm como premissa.
1. O potencial educativo das brincadeiras
A matéria reúne especialistas do movimento Aliança pela Infância, que luta pelo direito a uma infância digna e saudável e da Rede Marista de Solidariedade para que reflitam sobre como é importante garantir o direito ao brincar, e como as escolas podem apoiar esse movimento e fazer das brincadeiras elementos educativos.
2. Seis motivos para deixar uma criança brincar livremente
O Direito ao Brincar foi tema de seminário na cidade de São Paulo, em 2014. Na ocasião, os especialistas apontaram seis razões para que o brincar seja livre, sob gerência das crianças.
3. Território do Brincar promove intercâmbio cultural de brincadeiras
O relato da experiência do projeto coordenado pela educadora Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks evidencia a carga cultural contidas nas brincadeiras, e como elas podem ser elementos de intercâmbio de saberes, registros e difusão da cultura infantil.
4. Coletivo resgata importância de brincar na rua
A campanha Brinque.Cidade, realizada no ano passado em diálogo com a Semana Mundial do Brincar, deu origem à exposição virtual e interativa organizada pelo grupo Ludi.Cidade, que tinha como objetivo reunir fotografias de crianças brincando pelos espaços públicos de Campo Grande (MS).
5. ‘É a partir do brincar que a criança começa a agir”, afirma educadora
Matéria convida especialista do Aliança pela Infância, Giovana Barbosa de Souza, para falar sobre o direito ao brincar, a importância do tempo livre para a brincadeira, e do brincar no contexto escolar.
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