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13
dez-2017

Território do Brincar viaja o Brasil pela plataforma VIDEOCAMP

Às margens do rio Xingu (MT), um grupo de meninos yudjá espera em fila a chegada do pajé, que traz em suas mãos patas de saracura, uma ave que vive no pântano e corre sem cansar. Para os yudjá, é preciso passar a saracura nas pernas das crianças para que elas desenvolvam agilidade e disposição. Cada menino passa pelo ritual e, em pares, saem correndo, brincando de pega-pega. A brincadeira só acaba quando um dos dois é pego, e assim o rito segue. A saracura é um dos elementos de cura que permeia o crescimento das crianças da aldeia.

Muito longe dali, jovens e adultos de Acupe (BA) têm seus rostos e bocas coloridos de preto e vermelho, numa cerimônia que evoca a ancestralidade de seus brincantes. Alguns deles se jogam no chão em colapso enquanto cospem sangue falso. Outros incorporam caçadores e saem pelas ruas trajando grandes saias feitas de folhas de bananeira. A intensidade com que o Nego Fugido é celebrado, sua dramaticidade e a entrega com que é encenado, revela a face de um presente doloroso, ressignificado por meio da arte e do brincar. Uma experiência que transcende tempo e espaço, resistindo ao longo de muitas gerações.

Estas histórias são contadas, respectivamente, no curta-metragem “Waapa” e no média “Terreiros do Brincar”, lançados pelo Programa Território do Brincar em 2017. A partir do belo, essas narrativas revelam a potência e a resistência da cultura dos grupos retratados, mostrando a criança em sua força espiritual, corporal e lúdica. Elas, que são as protagonistas,  somam ao coletivo através de toda sua inteireza. Os filmes ainda trazem a pluralidade cultural e a beleza de cada canto do nosso país, nos aproximam de realidades particulares e, ao mesmo tempo, nos dizem sobre a essência humana. E o que melhor para aproximar realidades tão externas a nós, do que a força imagética do audiovisual?

Infelizmente, no Brasil o acesso ao cinema ainda é restrito. São apenas 3 mil salas de cinema, sendo ⅓ delas em São Paulo. Apenas 10,4% dos municípios possuem cinema. Por isso, logo após serem lançadas durante a Mostra Ciranda de Filmes, nossas produções foram disponibilizados via VIDEOCAMP, uma plataforma de exibições públicas e gratuitas que reúne filmes transformadores.

De norte a sul do país, os filmes foram exibidos em seminários, escolas, faculdades, nas ruas, cineclubes e em tantos outros lugares. Ao todo, foram mais de 243 exibições e quase 10 mil espectadores.

Uma delas foi feita pela Veronica Monachini, da Aldeia aiha Kalapalo, em Mato Grosso do Sul, que contou que, no dia da exibição, a aldeia inteira se mobilizou para assistir ao curta. Já Gisela Marques, de Juiz de Fora (MG), disse em seu relato que exibiu o filme para alunos da Educação Infantil de uma escola pública, após terem feito comentários negativos contra os  indígenas. Eles então decidiram, juntos, investigar mais sobre o assunto. Ela contou que a exibição foi uma experiência muito significativa, e as crianças ficaram encantadas com a autonomia das meninas e meninos yudjá e os mistérios de um universo simbólico tão rico. No recreio, brincaram de reproduzir as cenas que viram no filme.

Aldeia aiha Kalapalo

Teve também o relato de Maria Medeiros, que decidiu fazer a exibição em sua própria casa, em São José do Sabugi, na Paraíba. Ela contou que jovens, adultos e crianças vieram para a sessão de “Terreiros do Brincar”, e que no final do filme conversaram sobre como aquelas narrativas traziam as memórias guardadas em seus imaginários, em um verdadeiro ode ao brincar.

Faça parte desse movimento e encante-se com as belezas trazidas pelo “Terreiros do Brincar”, “Waapa” e mais de 350 filmes inspiradores disponíveis no VIDEOCAMP. Seja um exibidor fazendo cadastro no site, e não se esqueça de enviar seu relato após a exibição contando como foi sua experiência!

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