set-2016
VIDEOCONFERÊNCIA #7: O BRINCAR NA DIFERENÇA: UM OLHAR PARA AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA
Texto e fotos: Carolina Prestes | Vídeo: Interrogação Filmes
O sétimo encontro da série ‘Diálogos do Brincar’, realizado no dia 15 de setembro de 2016, contou com a presença da especialista em Educação e Inclusão, Meire Cavalcante.
Meire iniciou o bate-papo apresentando o conceito de ‘diferença’ como essencial àqueles que pensam a inclusão. Para a especialista, a diferença é intrínseca à condição humana e não pode ser compreendida como estática, mas como algo em constante transformação: “Por estarmos vivos estamos – o tempo todo – sujeitos a transformações. Não somos iguais ao que éramos a segundos atrás. A diferença sempre é um devir”, pontuou Meire.
Partindo desta visão, deixou claro que a deficiência – assim como o gênero, exemplificou– não pode determinar a identidade de uma pessoa. Para ela, as pessoas são dotadas de talentos, de capacidades e de interesses potentes, que precisam ser respeitados e valorizados.; assim, defende que a deficiência é apenas uma entre as tantas características de uma pessoa e, por isso, não deve defini-la: “Antes da deficiência, existe a humanidade da pessoa e isso que deve caracterizá-la”, disse.
Adentrando no universo da infância e do brincar, a especialista foi clara: “Aqueles que pensam no brincar devem pensar em todas as crianças”. Antes de julgar e categorizar a criança a partir das características que ela carrega, é necessário conhece-la a fundo – seus interesses, preferências e gostos – pois só assim será possível descobrir as suas limitações e realizar eventuais adaptações em brinquedos e brincadeiras sem cair no risco de prender-se ao brincar terapêutico, que geralmente relaciona a deficiência à ideia da incapacidade: “Precisamos libertar as crianças com deficiência da ideia de que elas não podem ou não conseguem”, afirmou.
Problematizando o olhar dos adultos, Meire lançou a provocação: “Crianças sem deficiência também estão submetidas ao controle da brincadeira” e defendeu que o momento do brincar não deve ser terapêutico, assim como não deve ser pedagógico: “O brincar deve ser livre para que a criança alcance o seu melhor”. Para ela, a criança com ou sem deficiência, precisa ter reconhecido o lugar de protagonista da própria vida.
A especialista também destacou que o processo inclusivo pressupõe que todas as pessoas estejam juntas, em interação nas mesmas atividades. “Para que isso seja possível, posso adaptar as regras de um jogo, ou um brinquedo, permitindo que todas as crianças participem de uma mesma atividade, cada uma a partir de suas possibilidades, mas juntas”. Para Meire, a escola deve garantir essa integração e ser um espaço inclusivo por essência.
“Precisamos transformar o encontro com as barreiras em possibilidades de discussão e reflexão”, comentou, afirmando que o debate sobre inclusão deve focar na barreira, e jamais na deficiência. “Se assim o fizermos, poderemos caminhar para um mundo verdadeiramente inclusivo, em que não precisaremos mais falar sobre inclusão”.
Se você não conseguiu assistir o bate-papo ao vivo, confira agora:
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Gostei muito desta conversa! Essencial! Vocês sempre fazendo a diferença bjs Flora giannini