jun-2016
Videoconferência #5: O brincar na escola
Texto: Carolina Prestes | Fotos: Luciana Franceschini | Vídeo: Interrogação Filmes
Como a escola acolhe o brincar? Qual o tempo e o espaço oferecidos para que as crianças possam expressar-se por meio dessa linguagem? Estes foram alguns dos questionamentos levantados pela educadora Sandra Eckschmidt na 5ª videoconferência da série ‘Diálogos do Brincar‘, realizada no último dia 23 de junho de 2016. A iniciativa tem periodicidade mensal, e é correalizada pelo Projeto Território do Brincar e pelo Instituto Alana.
Sandra Eckschmidt atua nas áreas da infância e do brincar e coordena a Escola de Educação Infantil Casa Amarela, em Florianópolis (SC). Também integra o conselho inspirador do Projeto Território do Brincar.
A especialista deu início à sua fala atentando para a diferença que existe entre o brincar pedagógico e o brincar livre.
“Precisamos de delicadeza para falar sobre o brincar. O tema já é bastante discutido, mas quase sempre sob a perspectiva de um brincar pedagógico – em que o adulto utiliza a brincadeira ou o brinquedo para ensinar um conteúdo – isso é uma forma bastante diretiva, que pode ser entendida como atividade lúdica ou brincar pedagógico”, comentou a educadora, fazendo o contraponto com o brincar livre: “Hoje vamos falar de um brincar livre, que parte do impulso da criança, que nasce de dentro para fora, e não o contrário”.
Dentro desta perspectiva, Sandra deu luz à necessidade da escola reorganizar-se para acolher este brincar livre; tal organização, porém, requer que a estrutura da escola seja repensada: “Deve-se refletir sobre o tempo, os espaços e os materiais que são oferecidos, bem como o papel do próprio educador”, comentou.
“Os brinquedos ou o brincar pedagógicos apresentam muitas limitações e direções. Uma criança que tem a possibilidade de brincar livremente não usa objetos estruturados; ao invés de usar o escorregador pronto e disponível, ela construirá seu próprio, usando os materiais disponíveis”.
Questionada por internautas sobre qual papel o educador deve assumir neste contexto do brincar livre, Sandra comentou que o fundamental é observar as crianças brincando livremente e, então, começa-se a entender como preparar um ambiente que acolha esse brincar: “A atuação do educador é no entorno, ao organizar o espaço ou escolher os materiais que serão disponibilizados. E isso é fruto pesquisa, de estudo, de muita observação. Ao observar a criança brincando livremente começamos a ter ideias de como ajudar nesse acolhimento do brincar livre”.
Sandra trouxe exemplos de brincadeiras para conduzir a discussão a partir da perspectiva da criança. Mostrando fotos de crianças na balança, ela provocou: “Ao balançar, a criança nos fala sobre o tempo – é um gesto de entrega. Ela se acalanta no vai e vem do ritmo da balança, e esse ritmo a leva para um tempo de sonho, de imaginação, que tende ao infinito – um tempo muito diferente do tempo do adulto. Isso é muito complexo para a escola, que vive em rotinas super rígidas”.
Quem dirige o tempo da escola? Será que é o educador? Ou é o sino que toca e interrompe aquilo que estamos fazendo? Como é não ser dono do nosso próprio tempo? A criança nos evoca essa pergunta a todo o tempo.
A educadora também propôs uma reflexão sobre a estrutura seriada, presente em quase todas as escolas, e que impossibilita que a brincadeira ocorra entre crianças de idades diferentes.
“O brincar livre questiona a estrutura básica que sustenta a escola – espaços, tempo, salas de aula seriadas. Para receber o brincar livre, temos que mexer na estrutura básica da escola”, finalizou Sandra.
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